quarta-feira, 6 de março de 2013

Perdoa-me, folha seca

      Perdoa-me, folha seca,
      não posso cuidar de ti.
      Vim para amar neste mundo,
      e até do amor me perdi.
      De que serviu tecer flores
      pelas areias do chão,
      se havia gente dormindo
      sobre o próprio coração?
      E não pude levantá-la!
      Choro pelo que não fiz.
      E pela minha fraqueza
      é que sou triste e infeliz.
      Perdoa-me, folha seca!
      Meus olhos sem força estão
      velando e rogando aqueles
      que não se levantarão...
      Tu és a folha de outono
      voante pelo jardim.
      Deixo-te a minha saudade
      - a melhor parte de mim.
      Certa de que tudo é vão.
      Que tudo é menos que o vento,
      menos que as folhas do chão...
      (Cecília Meireles)

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