Pelos pratos de sopa no seu peito,
pelas
colheradas no seu olho,
pelos
beijos sujos de chocolate,
pelas
golfadas de leite
no seu
vestido de Missa,
desculpe,
mãe.
Pelo seu
vaso de flor preferido
que eu
quebrei,
pela sua
aliança que joguei no ralo,
pelos
sustos que lhe dei,
um depois
do outro,
pelas
noites que
passei
chorando e você acordada,
desculpe,
mãe.
Pelas
palavras malcriadas
do
adolescente que eu era.
Pela
ingratidão daquele dia
em que a
senhora
pediu
carinho e eu fugi.
Pelas
mentiras que eu disse,
sabendo
que a feria.
Pelas
vezes em que a achei chata
por pegar
no meu pé,
desculpe,
mãe.
Por ter
voltado menos vezes do que devia,
por achar,
totalmente,
que não
tinha mais nada
a aprender
com a senhora.
Por não
entender o seu processo de
envelhecimento,
desculpe,
mãe.
Acho que
nunca conseguirei entender o que é ter mãe.
Felizmente, você sabe o que é ser mãe.
E é por
isso que olho para você e com um imenso "desculpe",
grito
feliz o meu "obrigado".
Eu nem
sempre soube ser filho(a),
felizmente, a senhora nunca se esqueceu de ser mãe.
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